A atleta americana de nado sincronizado Anita Alvarez desmaiou e afundou na piscina durante o Mundial de Budapeste, em 2022. A treinadora da equipe e medalhista olímpica, Andreia Fuentes, ao perceber o fato não pensou duas vezes e imediatamente se atirou piscina, completamente vestida. Anita estava inconsciente, sem condições de se mover ou de esboçar qualquer reação. Graças à rápida ação da treinadora, que a trouxe de volta à superfície, pôde receber os primeiros socorros e conseguiu sobreviver. Se Andreia Fuentes não tivesse notado, e, principalmente, se não tivesse agido rapidamente, Anita, a atleta, teria morrido afogada.
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Este fato, narrado no site do Momento Espírita, nos traz muitas reflexões. Muitas vezes ficamos submersos na piscina dos nossos problemas, ou dos nossos devaneios, das nossas ilusões e, não raro, das nossas decepções. Nos isolamos na bolha do nosso mundo pessoal, particular, seja por medo, por orgulho ou por egoísmo. Independente da causa, quem será capaz de perceber o que estamos ando? Quem estará ali para mergulhar sem hesitar e nos tirar desta imersão? E será que alguém pode contar conosco, para fazermos o que a treinadora fez por sua atleta?
Num mundo tão individualista, tão polarizado, tão dividido, tão conflitado, como é importante a presença nas nossas vidas de pessoas que nos olhem com atenção e que se arrisquem para nos salvar. Pessoas que não fiquem questionando, que não fiquem na beira da piscina pensando se vale a pena molhar sua roupa para salvar quem está inconsciente no fundo da piscina, no fundo do poço ou nas areias movediças da existência.
Dar este salto é mergulhar, é acolher o outro, ir ao encontro das necessidades, socorrer. E isto às vezes não custa nada, basta um olhar, um sorriso, a mão estendida, o ombro fraterno para o próximo, seja amigo ou anônimo, conhecido ou invisível, como tantos que cruzamos e nem sequer reconhecemos como ser humano num estágio de provação. Pessoas iguais a qualquer um de nós, com famílias, histórias, mas simplesmente adoecidos, do corpo, da mente ou da alma.
O mundo seria muito melhor se todos acordassem a cada dia pensando em fazer o bem. Para nós mesmos ou para alguém, não importa quem. Às vezes, é tirando alguém do fundo da piscina que está a razão da nossa existência e a oportunidade da nossa salvação. Agora e depois.
365 dias
Governantes, em todos os níveis, costumam comemorar e apresentar suas principais conquistas dos primeiros 100 dias de mandato. Este ano, porém, houve um balanço natural dos 365 dias da maior tragédia climática que ocorreu no Rio Grande do Sul em suas últimas décadas. Na maioria dos casos, os números, os relatórios e as informações não fecham. No âmbito local, e regional, existem duas questões emblemáticas: a interdição da Estrada do Perau, ligação entre Santa Maria e Itaara, e a problemática RSC-287 (que espera-se, não tão distante) se transforme mais em solução do que em problema.
Enquanto o Governo do Estado e a empresa Rota divergem sobre a liberação de projetos ambientais e legais, os escombros da ponte sobre o Arroio Grande continuam embaixo d’água. A retumbante audiência pública na Câmara de Vereadores de Santa Maria foi mais um marco histórico desta luta.
Na Estrada do Perau, os entraves são técnicos e financeiros. Enquanto as entidades representativas de Itaara reclamam da demora e de prejuízos de grande monta à economia local, a prefeitura de Santa Maria (porque o problema maior está do lado de cá) alega insegurança nas encostas, com possibilidade de novos deslizamentos, e espera recursos para começar a obra. Dos R$ 12 milhões solicitados inicialmente, vieram R$ 6,8 milhões. Só que um novo projeto foi elaborado, com custo orçado em R$ 15 milhões. Dia 5 de fevereiro o município fez a última remessa de documentos.
Planos e pontes
A prefeitura de Santa Maria está elaborando um Plano Municipal de Redução de Riscos, em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Quanto à recuperação de pontes, 19 pontos foram elencados através de um plano de trabalho específico com esta finalidade. Outra área que vem recebendo estudo especial para detectar riscos em sua estrutura é o Morro do Cechella. Muitas coisas foram feitas, mas outras ainda precisam ser resolvidas. De preferência antes que o calendário faça suas cobranças através dos números que fecham e abrem ciclos.
As lições do clima
Aguardada com expectativa para este sábado, dia 3 de maio, a participação da meteorologista Caarem Studzinski, especialista em riscos climáticos e resiliência, no Summit in Climate Change, às 17h, no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Caarem apresentará uma pesquisa que aponta o oceano do Rio Grande do Sul como o lugar com o maior número de tempestades extremas do mundo. Ela também questiona o que aprendemos com os fenômenos climáticos do ano ado, afirmando que “estamos fazendo as mesmas coisas, sem investir efetivamente em soluções claras e assertivas”. Outra crítica que faz é em relação ao sistema da Defesa Civil que, segundo ela, causa mais ansiedade na população do que capacidade para a tomada de decisões. Sem rotas de escape das cidades, sem abrigos para os moradores em situação de rua em caso de um evento extremo, sem um sistema viário em condições de fluir, a especialista diz que as pessoas não sabem o que fazer em situações de emergência.
A vida continua, nesta e em outras dimensões!