Redescobrindo Ramiro Barcelos 401p2r

Recentemente – por motivos que, em breve, espero poder revelar aqui nesse espaço – foi me oportunizado a me dar de saber mais sobre um célebre nome que nosso Rio Grande do Sul gerou e viu crescer.


Falo do médico, político e, em especial, escritor Ramiro Barcelos. Um cachoeirense que tornou-se nome de rua, notabilizado por sua forte participação em um período da história política rio-grandense, isso lá pelos idos dos anos de 1900 e poucos. Quando motivado por uma rixa política com seu primo – o não menos célebre Borges de Medeiros –, Ramiro Barcelos resolve afrontar o parente escrevendo um livro que entraria para a história literária do RS.


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Intitulado “Antonio Chimango – Poemeto Campestre”, onde Ramiro Barcelos assume o pseudônimo de Amaro Juvenal, para mais livremente criticar os mandos (e “desmandos”, segundo ele) do primo Borges, por meio da figura caricata de um aspirante a “capataz” da “Estância de São Pedro”, apadrinhado do dono da estância, o chamado Cel. Prates (Júlio Prates de Castilhos).


Antonio Chimango era inspirado no primo “Antonio Borges de Medeiros”, sendo que “Ximango” veio da menor ave de rapina do nosso Rio Grande, apresentando uma figura meio gente, meio pássaro, com o lenço branco amarrado no pescoço. Não por acaso, a partir dali, todo outrora “Borgista”, ou a se chamar “Chimago” (com “ch” mesmo, por conta da obra de Barcelos).


E assim, escrevendo em rimas de rara inteligência, e com muita acidez satírica, Amaro Juvenal (ou Ramiro Barcelos), a a contar os “engendres” que Antonio Chimango faz, para tentar ascender ao cargo de capataz da Estância de São Pedro (ou seja, a própria província do Rio Grande do Sul).


Aos amigos que se interessam por literatura de qualidade e ainda não conhecem essa obra-prima do regionalismo gaúcho, recomendo buscar pelos “sebos” de nossa cidade, ou pelas “estantes virtuais” da internet, para terem a oportunidade de ler a delícia de história contada ali. Se o fizer, terá oportunidade de ver uma faceta da nossa história, trazida pela perspicácia genial de um mestre escritor.


Infelizmente, Ramiro Barcelos não pode produzir muito mais obras, como as que teria potencial para escrever. Meses após a publicação, diga-se de agem, clandestina, de Antonio Chimango, veio a falecer, deixando para nós o legado imortal desse trabalho.


Tenho eu meu exemplar bem guardado, presente especial que recebi de Dom Armando, para reler sempre que quiser voltar aos pagos de outrora e dar boas risadas com os versos do poemeto campestre de Ramiro Barcelos, que deixo aqui uma amostra, de regalo.


"Para les contar a vida
Saco da mala o bandonio,
A vida de um tal Antônio
Chimango – por sobrenome,
Magro como lobishome
Mesquinho como o demônio.

Veio ao mundo tão flaquito,
Tão esmirrarlo e chochinho
Que, ao finado seu padrinho.
Disse espantada a comadre:
‘Virgem do céo, Santo Padre;
Isto é gente o arinho?”

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Armandinho Ribas

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