Cidade Amiga do Idoso 6f1w32

José Carlos Campos Velho

Na semana ada, no prédio da Antiga Reitoria da UFSM, ocorreu o 16º Encontro do Movimento Tratado Cidadão. O evento tratou de alternativas para impulsionar o turismo na região central do Rio Grande do Sul, tendo como epicentro nossa cidade, Santa Maria. Estiveram presentes membros relevantes da sociedade, representando os meios acadêmicos, jornalísticos, os serviços públicos e a sociedade civil. Em formato de mesas-redondas, o evento permitiu a participação livre e democrática dos presentes, o que enriqueceu significativamente os debates.


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Uma das questões abordadas foi a iniciativa “Cidade Amiga do Idoso”, proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desenvolvida a partir de uma ampla pesquisa realizada em diversas cidades do mundo, sob a coordenação do médico brasileiro Alexandre Kalache, no âmbito do “Programa de Envelhecimento Global” da OMS. Foram entrevistadas pessoas idosas em centros urbanos de diferentes portes – de pequenas cidades a megalópoles – com o objetivo de entender como é viver nesses locais na velhice.


Não somos uma cidade jovem...

Vivemos dois processos concomitantes, característicos do século XX: o envelhecimento populacional e a urbanização. Pensar em cidades amigáveis aos idosos é, portanto, pensar nos próprios núcleos urbanos, pois as medidas que beneficiam os idosos certamente beneficiarão toda a população. A partir dessa pesquisa, foi elaborado um documento ível em várias línguas – inclusive em português – chamado “Guia Global Cidade Amiga do Idoso”. Com 66 páginas, o guia explora de forma detalhada a metodologia empregada e aponta diversas direções para o desenvolvimento de ações que tornem as cidades mais acolhedoras e funcionais para quem nelas vive e envelhece. A dinâmica adotada foi “da base para o topo”, ou seja, as contribuições das pessoas idosas entrevistadas foram o ponto de partida para a estruturação do documento, buscando-se conclusões coerentes com suas demandas.

 
Certamente, a cidade amiga do idoso é multidimensional. Portanto, para que uma cidade aspire ao reconhecimento como “Cidade Amiga do Idoso”, é necessário que se insira em um processo dinâmico e contínuo de reflexão sobre como lida com o envelhecimento. Essa reflexão exigirá mudanças de ordem intelectual e cultural, permitindo o surgimento de novos paradigmas políticos e sociais. Um exemplo é a nossa própria cidade que, por abrigar grande número de estudantes, costuma ser percebida como uma cidade jovem. Ledo engano. Santa Maria a por acelerado processo de envelhecimento populacional, como apontado em reportagem publicada pelo Diário de Santa Maria, em novembro de 2023, que informa que a população com 60 anos ou mais cresceu cerca de 43% nos últimos 10 anos.


Convite à comunidade 
É necessário, portanto, estabelecer uma nova forma de pensar a cidade – e por que não, ambiciosamente, uma Cidade Amiga do Idoso? Santa Maria conta com uma expressiva massa crítica capaz de trazer esse debate à ordem do dia, envolvendo diversos atores com voz ativa: o poder público, a imprensa, as universidades, o amplo aparato religioso e militar. Todos são atravessados pela mesma realidade: a velhice não conhece fronteiras e a todos afeta. Basta olhar ao redor: estamos cercados por pessoas idosas.
O principal objetivo de uma Cidade Amiga do Idoso é promover o Envelhecimento Ativo. Para isso, é preciso garantir: prédios íveis e espaços públicos adequados, respeito e inclusão social, comunicação e informação íveis, apoio comunitário e serviços de saúde, transporte eficiente e mobilidade urbana, moradia digna – incluindo instituições de longa permanência –, além de participação social e oportunidades de trabalho.

 
Sim, Santa Maria reúne todas as condições para integrar a Rede Global de Comunidades e Cidades Amigas da Pessoa Idosa. Basta trabalharmos para isso. Como comunidade. Como envelhescentes que somos. Afinal, estaremos trabalhando para nós mesmos. Uma coisa é certa: se tudo der certo, vamos envelhecer. E é exatamente disso que estamos falando.

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